quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Laço Branco



Numa pequena aldeia rural do Norte da Alemanha, nos primeiros anos do século XX, sucedem-se os acidentes e os mistérios. O médico da terra quase morre ao cair do cavalo, porque alguém lhe estendeu uma armadilha. Uma mulher morre porque o chão de uma velha fábrica abate. Crianças são chicoteadas por chegarem tarde a casa… Todos estes actos, e outros que não cito propositadamente, dão origem a vinganças terríveis e enigmas insolúveis.
O Laço Branco é uma longa meditação sobre a natureza humana e as regras em que assenta a nossa sociedade. Entre as muitas questões que o filme suscita, retive essencialmente esta: nascemos ruins, ou é a educação que recebemos que faz de nós monstros em potência? Se nascemos maus, como pretendem alguns, uma má educação não ajuda nada. Parece-me ser uma das conclusões possíveis deste filme admirável, todo filmado a preto e branco, onde há rostos inesquecíveis e inúmeras cenas de cortar à faca. Os grandes planos remetem para o cinema expressionista da época e a maneira como a paisagem é filmada dá vontade de mergulhar nela.
Poucos cineastas sabem usar tão bem o silêncio como Michael Haneke, um perfeccionista que, uma vez mais, conseguiu surpreender-me, fascinar-me e inquietar-me.

Sem comentários:

Arquivo do blogue