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Os meus avós nunca esconderam a aversão que tinham à morte. Tinham uma boa vida e queriam prolongá-la o mais possível (ele morreu aos 95 e ela aos 90).
Poucos meses antes de falecer, o meu avô disse-me: «Só queria ter menos cinco anos». Pensamento admirável que jamais esquecerei. Quanto à minha avó, um dia suspirou: «O que mais me custa é saber que quando me for embora vocês continuam por cá». Na altura ri, sem saber muito bem porquê.
Que queria ela dizer com isso? Fosse o que fosse, o destino pregou-lhe uma partida, pois contrariamente às suas expectativas acabou por morrer primeiro que o marido. O velho rezingão pôde assim sentir na pele a falta que a mulher lhe fazia.
Adorava-os e, na verdade, não os considero mortos; apenas desaparecidos.
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