- A resposta que me vem logo à cabeça é: procuro-me a mim próprio. Mas não o vou dizer assim: seria um cliché (bela palavra para quem está a falar de fotografia) e não corresponde inteiramente à verdade. Na realidade, procuro-me para me perder, sabendo que, um dia, vou perder-me de vez. No fundo, o que procuro, quando estou a fotografar, é o mesmo que procuro quando escrevo: é a vida, a própria vida e o seu mistério inteiro, o mistério das pessoas, dos seus actos, das situações em que se colocam e me colocam; é a cidade, o campo, a paisagem, o mar, o mundo inteiro. É isso que procuro quando fotografo: captar o que vivo e o que poderia viver se pudesse ter várias vidas ao mesmo tempo. Procuro, o que existe, o que foi e até o que será quando eu cá não estiver. Ninguém, ou quase, fala nisso, mas há na fotografia uma evidente nostalgia do futuro. E também da perfeição, é evidente.
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