sábado, 30 de julho de 2011
Duarte
O Duarte tem cinco anos e é filho de um dos meus melhores amigos. Ele mesmo é um dos meus melhores amigos.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Anna
Aujourd'hui j'ai appris que l'on peut se sentir extremement heureux et infiniment triste en même temps. Désormais ce blog sera bilingue.
Hoje aprendi que se pode sentir uma grande felicidade e uma tristeza infinita ao mesmo tempo. Doravante, este blogue será bilingue.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
António Pedro Ferreira
Dos vários fotógrafos do Expresso, o melhor, para mim, sempre foi o António Pedro Ferreira, pois ele é um belo exemplo de como o verdadeiro talento vem sempre acompanhado por uma profunda gentileza. Para além de inteligência e perspicácia, é preciso real sensibilidade para ser ser um bom fotógrafo.
Hoje, encontrei-o por acaso no Corte Inglês e acabámos por ir almoçar ali perto, com o Ricardo, com quem já tinha combinado. Enquanto esperávamos pelo peixinho, o «Tópê» pegou na minha Fuji X100 (ele tem uma igual) e tirou-me uma dúzia de fotos, quando eu estava com o Lucas ao colo. Esta é a mais divertida.
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Lucas e eu
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Da solidão
Fragmentos de um texto antigo:
Barricados à força numa embalagem feita de carne e osso, tememos a libertação. Escravos com medo de ser livres. Por vezes, parece-me que não há nada que o homem tema mais do que a liberdade. Embora esteja condenado a ela, como diz Sartre.
Condenado a ser livre até morrer, o homem espera conseguir vencer o seu medo, pois vencer o medo seria vencer a morte.
(...)
Por mim, gosto cada vez mais da solidão. Não da solidão total, absoluta, mas dessa doce solidão que só é possível obter ao lado de alguém de quem se gosta muito e que gosta de nós. Não há solidão mais fecunda do que essa. Sei-o todos os dias da minha vida.
Valery dizia que «uma pessoa só está em má companhia». A sabedoria popular diz, em contrapartida: «Mais vale só que mal acompanhado». Em que ficamos? Volto ao que já disse: mais vale só, quando bem acompanhado.
Ao contrário do que algumas pessoas afirmam, não escrevemos porque estamos sós. Mas para estarmos sós. Eu, pelo menos, quero saber quem sou, para que o saibas também.
Barricados à força numa embalagem feita de carne e osso, tememos a libertação. Escravos com medo de ser livres. Por vezes, parece-me que não há nada que o homem tema mais do que a liberdade. Embora esteja condenado a ela, como diz Sartre.
Condenado a ser livre até morrer, o homem espera conseguir vencer o seu medo, pois vencer o medo seria vencer a morte.
(...)
Por mim, gosto cada vez mais da solidão. Não da solidão total, absoluta, mas dessa doce solidão que só é possível obter ao lado de alguém de quem se gosta muito e que gosta de nós. Não há solidão mais fecunda do que essa. Sei-o todos os dias da minha vida.
Valery dizia que «uma pessoa só está em má companhia». A sabedoria popular diz, em contrapartida: «Mais vale só que mal acompanhado». Em que ficamos? Volto ao que já disse: mais vale só, quando bem acompanhado.
Ao contrário do que algumas pessoas afirmam, não escrevemos porque estamos sós. Mas para estarmos sós. Eu, pelo menos, quero saber quem sou, para que o saibas também.
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Da solidão
Da escrita
«Certos escritores estão apavorados. Têm medo de escrever», afirmou um dia Marguerite Duras. Com toda a razão: os verdadeiros escritores temem escrever, pois sabem como isso pode ser perigoso. Veja-se a quantidade de escritores que, no tempo em que as pessoas ainda não escreviam para plateias de televisão, mas para descobrir quem eram realmente, se suicidaram ou enlouqueceram.
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Marguerite Duras
Duas histórias cruéis
Um homem foi ao médico e disse: «Doutor, todas as manhãs quando faço a barba, fico com vontade de vomitar.» E o médico respondeu: «Se eu tivesse a sua cara, também me aconteceria isso.»
Outro homem trabalhava numa loja de animais. Quando as pessoas lá entravam, não viam ninguém.
Outro homem trabalhava numa loja de animais. Quando as pessoas lá entravam, não viam ninguém.
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Duas histórias cruéis
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Deep End
Devo à revista francesa Inrockuptibles muitas horas de prazer, graças às suas recomendações em matéria de música e cinema. A minha última dívida de gratidão chama-se Deep End. Trata-se de um filme de 1970, que nunca tinha visto e que acabo de descobrir maravilhado. Realizado por Jerzy Skolimowski cujo ultimo filme, Essential Killing, está actualmente em cena, Deep End é, aos meus olhos, uma obra-prima absoluta, nomeadamente graças à invulgar beleza e espantoso talento dos dois protagonistas. É, sem sombra de dúvida, um filme realizado por um pintor e poeta para quem o essencial está sempre entre a vida e a morte, como o amor. Em duas palavras, digamos que conta a história de um rapaz de 15 anos (John Moulder-Brown) que vai trabalhar para uns banhos públicos e aí se apaixona perdidamente por uma colega mais velha (Jane Asher, na altura namorada de Paul McCartney). Filmado com cores fabulosas, quase sempre em ambientes fechados e húmidos ou em planos nocturnos ultra-saturados, Deep End vem lembrar-nos que, sobretudo para um adolescente, a sexualidade, para além de venenosa, pode ser letal.
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terça-feira, 12 de julho de 2011
Da poesia
Duas histórias de que gosto muito:
Há mais de mil anos, perguntaram ao poeta Qu Yuan o que era a poesia. Ficou a pensar e, até hoje, não respondeu.
Noutro ponto do globo, um árabe afirmou um dia: «o poeta é um homem possuído pelo diabo, que procura, a todo o custo, arrancar-lhe a língua.»
Há mais de mil anos, perguntaram ao poeta Qu Yuan o que era a poesia. Ficou a pensar e, até hoje, não respondeu.
Noutro ponto do globo, um árabe afirmou um dia: «o poeta é um homem possuído pelo diabo, que procura, a todo o custo, arrancar-lhe a língua.»
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Da poesia
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Pensamento do dia
A mediocridade é um mal que só ataca os pretensiosos. As pessoas simples nem sabem o que isso é.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Do sonho
Quando sonhamos, somos nós e somos outros. Temos todas as idades ou nenhuma. Viajamos por sítios onde nunca estivemos, falamos uma língua que desconhecemos. Esta noite, por exemplo, vi baleias a nadar por entre as estrelas e embarquei numa nave espacial porque queria visitar a lua.
O escritor Aharon Appelfeld assegura, tal como Rimbaud o tinha feito, que cada um de nós é múltiplo e que na nossa memória estão guardadas situações que não vivemos. Segundo ele, o sonho não é menos real do que a realidade. Melhor, é um filtro que permite aceder à essência do ser. «No sonho», escreve ele, «acedemos à verdade bruta, não transformada pela actividade intelectual ou física».
A neuropsicologia mais recente afirma que o «sonho paradoxal» é um período de intensa actividade física que permite ao cérebro explorar os seus limites e, ao mesmo tempo, regenerar as suas células.
O escritor Aharon Appelfeld assegura, tal como Rimbaud o tinha feito, que cada um de nós é múltiplo e que na nossa memória estão guardadas situações que não vivemos. Segundo ele, o sonho não é menos real do que a realidade. Melhor, é um filtro que permite aceder à essência do ser. «No sonho», escreve ele, «acedemos à verdade bruta, não transformada pela actividade intelectual ou física».
A neuropsicologia mais recente afirma que o «sonho paradoxal» é um período de intensa actividade física que permite ao cérebro explorar os seus limites e, ao mesmo tempo, regenerar as suas células.
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Do sonho
Pura realidade
No centro comercial, duas velhinhas muito magras, quase marrecas, caminham à minha frente, impedindo-me de progredir mais depressa. Apoiam-se uma na outra e cada uma delas numa bengala, mas riem à gargalhada, sabe-se lá de quê. Que lição me estão a dar!
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Pura realidade
Da fotografia
«Talvez o desejo de fotografar venha do facto de acharmos o mundo decepcionante». É Jean Baudrillard quem o afirma. A frase exacta é: «Le désir de photographier vient peut-être de ce constat : vu dans une perspective d'ensemble, du côté du sens, le monde est bien décevant». Depois acrescenta: «Vu dans le détail, et par surprise, il est toujours d'une évidence parfaite.»
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Da fotografia
sábado, 2 de julho de 2011
Da arte
Fragmento de uma entrevista de Woody Allen ao diário francês Le Monde: «... não creio que a arte seja uma resposta para nada. Para mim, a arte é um catolicismo intelectual. Os católicos pensam “bom, há uma vida depois da morte, há um paraíso, viverei no além”. O artista pensa: “a minha obra sobreviverá”; o espectador pensa: “esta obra é eterna”. Mas, no fim de contas, isto não quer dizer nada, porque o artista morre e, tanto quanto sei, os católicos não conhecerão verdadeiramente uma outra vida. O único serviço que os artistas podem prestar, é pouca coisa: é uma distracção. Vivemos num mundo terrível mas, quando entramos numa sala de concertos, numa ópera, num museu, num cinema; quando apreciamos uma tela de Cézanne, ou ouvimos Mozart, esquecemos o que se passa lá fora. Quando regressamos à vida real, é terrível, mas, pelo menos, durante uma hora ou duas, sentimo-nos bem; ajuda um pouco, como um copo de água fresca.»
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