quarta-feira, 20 de julho de 2011

Da solidão

Fragmentos de um texto antigo:

Barricados à força numa embalagem feita de carne e osso, tememos a libertação. Escravos com medo de ser livres. Por vezes, parece-me que não há nada que o homem tema mais do que a liberdade. Embora esteja condenado a ela, como diz Sartre.

Condenado a ser livre até morrer, o homem espera conseguir vencer o seu medo, pois vencer o medo seria vencer a morte.

(...)

Por mim, gosto cada vez mais da solidão. Não da solidão total, absoluta, mas dessa doce solidão que só é possível obter ao lado de alguém de quem se gosta muito e que gosta de nós. Não há solidão mais fecunda do que essa. Sei-o todos os dias da minha vida.

Valery dizia que «uma pessoa só está em má companhia». A sabedoria popular diz, em contrapartida: «Mais vale só que mal acompanhado». Em que ficamos? Volto ao que já disse: mais vale só, quando bem acompanhado.

Ao contrário do que algumas pessoas afirmam, não escrevemos porque estamos sós. Mas para estarmos sós. Eu, pelo menos, quero saber quem sou, para que o saibas também.

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