segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Da poesia

A propósito de uma (re)leitura de Paul Celan apetece-me escrever o seguinte comentário: Ao contrário dos críticos, que parecem não ter dúvidas sobre o que escrevem, os poetas são as pessoas mais hesitantes deste mundo e nunca têm certezas, apenas intuições. Por isso, os primeiros avançam sempre por avenidas pejadas de admiradores, enquanto os segundos trilham carreiros solitários à beira do abismo. «Vivemos sob céus sombrios e... existem poucos seres humanos. Talvez por isso existam também tão poucos poemas», escreveu Celan. Noutra altura, afirmou: «A poesia já não se impõe, expõe-se». Isto antes de haver facebook! Por mim, acho que os verdadeiros poetas não andam a gritar aos quatro ventos que o são. Prefiro os que se isolam para ir «ao fundo da alma buscar os olhos para ver o mundo». Como dizia Celan: «Só mãos verdadeiras escrevem poemas verdadeiros».

1 comentário:

Odracir disse...

Maravilhoso, Jorge!

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