quarta-feira, 31 de março de 2010
quarta-feira, 24 de março de 2010
Da pontuação
Henry de Montherlant: «On reconnaît tout de suite un homme de jugement à l’usage qu’il fait du point et virgule».
Etiquetas:
Da pontuação
Da diferença
Henry de Montherlant: «O importante não é ser diferente dos outros, mas ser diferente de si próprio».
Etiquetas:
Da diferença
terça-feira, 23 de março de 2010
In memoriam
«Sobre a planura as suas asas espraiando
o anjo vigia e guarda.
À noite as águas silenciosas da laguna
reflectem-lhe o dorso, curvado sobre as
árvores frias.
Mãos invisíveis tecem-lhe nos cabelos
segredos antigos
que os homens esqueceram há muito
ou nunca sequer souberam
E parte, por sobre as nuvens
recortadas a luz ardente.
Irremediavelmente, parte.»
Foi o último poema escrito pela minha amiga Raquel Seabra, que um anjo arrebatou no sábado.
Aqui fica, com a minha eterna tristeza e saudade. Como escreveu Djelal el din Roumi: «O coração dos homens leais é o melhor túmulo».
o anjo vigia e guarda.
À noite as águas silenciosas da laguna
reflectem-lhe o dorso, curvado sobre as
árvores frias.
Mãos invisíveis tecem-lhe nos cabelos
segredos antigos
que os homens esqueceram há muito
ou nunca sequer souberam
E parte, por sobre as nuvens
recortadas a luz ardente.
Irremediavelmente, parte.»
Foi o último poema escrito pela minha amiga Raquel Seabra, que um anjo arrebatou no sábado.
Aqui fica, com a minha eterna tristeza e saudade. Como escreveu Djelal el din Roumi: «O coração dos homens leais é o melhor túmulo».
Etiquetas:
Raquel Seabra
sábado, 20 de março de 2010
Pura realidade
Um dia, em Cabo Verde, estava a nadar e descobri várias notas a boiar à minha volta. Comecei a apanhá-las todo contente quando, de repente, percebi que as notas eram minhas. Tinha-as guardado no bolso do fato de banho nessa manhã e esqueci-me de as tirar quando cheguei à praia. Fiquei contente de qualquer modo, podia ter ficado sem o dinheiro e não me aperceber disso.
Uma outra vez, em Cannes, no Sul da França, voltava para o hotel já depois da meia-noite quando comecei a ouvir vozes estranhas. Olhei para trás mas não vi ninguém. Retomei a marcha e as vozes pareciam perseguir-me. Estava a começar a ficar assustado quando tive uma revelação: as vozes vinham da minha mochila. Nessa tarde entrevistara um músico e o gravador tinha-se activado por qualquer razão. Fiz o resto do caminho a rir de mim mesmo.
Não sei porque me lembrei disto agora, mas estas duas memórias ficam aqui registadas para que não volte a esquecer-me delas. E para que aranquem, talvez, um sorrido a alguém.
Uma outra vez, em Cannes, no Sul da França, voltava para o hotel já depois da meia-noite quando comecei a ouvir vozes estranhas. Olhei para trás mas não vi ninguém. Retomei a marcha e as vozes pareciam perseguir-me. Estava a começar a ficar assustado quando tive uma revelação: as vozes vinham da minha mochila. Nessa tarde entrevistara um músico e o gravador tinha-se activado por qualquer razão. Fiz o resto do caminho a rir de mim mesmo.
Não sei porque me lembrei disto agora, mas estas duas memórias ficam aqui registadas para que não volte a esquecer-me delas. E para que aranquem, talvez, um sorrido a alguém.
Etiquetas:
Pura realidade
Do Portugal actual
O que Henry de Montherlant dizia da França do seu tempo, posso eu dizê-lo do Portugal actual: «Vamos direitos ao abismo, por inconsciência e cobarbia».
Etiquetas:
Do Portugal actual
Da democracia em Portugal
É triste mas é (cada vez mais) verdade: estás nas mãos de idiotas contra os quais não podes nada. O teu voto é tão inútil como a tua sede de liberdade. É a maioria (ou seja, os teus vizinhos, os teus colegas de trabalho, os teus compatriotas todos) que escolhe quem te vai comer a carne: se os chamados socialistas, se os pretensos sociais-democratas.
Etiquetas:
Da democracia em Portugal
Da lucidez
O líder dos anjos rebeldes chama-se Lucífer. Como nome indica, é o anjo da luz. Ou da lucidez, se preferirem. Como lembra Montherlant, aos olhos da Igreja, como de qualquer poder instituído, o maior pecado é a lucidez. Pois a lucidez conduz à rebelião.
Etiquetas:
Da lucidez
Henry de Montherlant
Ler os Carnets de Henry de Montherlant, foi como andar a vasculhar as suas gavetas. E, naturalmente, encontrei de tudo: até coisas sublimes. No final, reduzia as 500 páginas do livro a umas dez, mas não dei o meu tempo por perdido.
Dos muitos apontamentos que tirei, aqui deixo este: «O pensamento cai sobre nós como a neve sobre a montanha».
Dos muitos apontamentos que tirei, aqui deixo este: «O pensamento cai sobre nós como a neve sobre a montanha».
Etiquetas:
Henry de Montherlant
domingo, 14 de março de 2010
Napoleão e as galinhas
Um dos grandes divertimentos de Napoleão consitia, ao que parece, em disparar sobre animais que se atravessavam no seu caminho (galinhas, cabras, etc). Henry de Montherland, um escritor francês que se suicidou em 1972, punha a hipótese de isto ser mentira. Dizia ele que era uma calúnia, uma invenção dos seus inimigos. Aquele espírito tão fino, tão requintadamente «francês», não acreditava que um homem daquela envergadura fosse capaz de tal selvajaria.
O facto de Bonaparte ser culpado por muitos milhares de mortes no campo de batalha (por toda a Europa até à Rússia, passando pelo Norte de África) não parece fazer-lhe confusão, mas a ideia do general a abater a tiro galinhas e cabras é para ele intolerável. É típico.
Também em Portugal é assim: a guerra é vista como uma coisa heróica ou, no mínimo, um mal necessário. Ainda ontem fui ver a exposição «Portugal nas trincheiras» organizada pela Presidência da República. Saí de lá doente. Os nossos políticos da altura, Bernardinos Machados e quejandos, enviaram alegremente os nossos avós para a chacina. Não pegaram em armas para matar galinhas, mas enviaram para o matadouro milhares de filhos, irmãos e pais de família.
E os políticos de hoje fariam o mesmo, com a mesma tranquilidade com que lançaram para o desemprego meio milhão de portugueses para que os lucros dos bancos e das grandes empresas (onde ainda esperam vir a trabalhar antes da reforma) não sofram.
Se o povo tivesse um pouco mais de juízo que as galinhas, havia uma revolução todos os dias.
O facto de Bonaparte ser culpado por muitos milhares de mortes no campo de batalha (por toda a Europa até à Rússia, passando pelo Norte de África) não parece fazer-lhe confusão, mas a ideia do general a abater a tiro galinhas e cabras é para ele intolerável. É típico.
Também em Portugal é assim: a guerra é vista como uma coisa heróica ou, no mínimo, um mal necessário. Ainda ontem fui ver a exposição «Portugal nas trincheiras» organizada pela Presidência da República. Saí de lá doente. Os nossos políticos da altura, Bernardinos Machados e quejandos, enviaram alegremente os nossos avós para a chacina. Não pegaram em armas para matar galinhas, mas enviaram para o matadouro milhares de filhos, irmãos e pais de família.
E os políticos de hoje fariam o mesmo, com a mesma tranquilidade com que lançaram para o desemprego meio milhão de portugueses para que os lucros dos bancos e das grandes empresas (onde ainda esperam vir a trabalhar antes da reforma) não sofram.
Se o povo tivesse um pouco mais de juízo que as galinhas, havia uma revolução todos os dias.
Etiquetas:
Henry de Montherland,
Napoleão,
Portugal nas Trincheiras,
Revolução
Do trabalho e do amor
Gobineau dizia: «Há o trabalho, há o amor, e mais nada». Em tempos, recusar-me-ia a acreditar nisto, mas agora já não sei. Sei sim, que não aguentaria o trabalho se não fosse o amor. E que, sem querer fazer um jogo de palavras fácil, nunca tive amor ao trabalho, mas que o amor pode ser uma carga de trabalhos.
Etiquetas:
Do trabalho e do amor
quinta-feira, 11 de março de 2010
A propósito de uma fotografia
Um amigo enviou-me há dias uma fotografia de quando tínhamos ambos 20 anos. Lembro-me perfeitamente daquele dia e das circunstâncias em que nos encontrávamos, mas não consigo reconhecer-me naquele puto magricela que é suposto ser eu. É claro que não sou; a imagem é a de um sonho que um dia tive, entre milhares de outros. Como se sabe, não chegamos nunca sermos nós próprios; não passamos todos de um projecto que está eternamente ainda no início e já à beira do fim.
(...)
Como teria eu tempo de pensar, se tudo o que vejo se desvanece imediatamente? Se tudo o que sinto me moe tanto? Se até o amor é uma ameaça?
Não me peçam para ser inteligente; procurar ser corajoso consome-me toda a energia que ainda me resta.
Não me peçam para ser lúcido, quando ninguém o é.
Em suma: se alguma vez fui aquele rapaz da fotografia, decerto a minha vida ainda não tinha começado. De resto, as feições já quase desapareceram completamente da imagem. Só ali vejo um fantasma, não me digam que sou eu.
No fundo, só serei aquele rapaz da fotografia, quando ambos tivermos desaparecido, ela e eu.
(...)
Como teria eu tempo de pensar, se tudo o que vejo se desvanece imediatamente? Se tudo o que sinto me moe tanto? Se até o amor é uma ameaça?
Não me peçam para ser inteligente; procurar ser corajoso consome-me toda a energia que ainda me resta.
Não me peçam para ser lúcido, quando ninguém o é.
Em suma: se alguma vez fui aquele rapaz da fotografia, decerto a minha vida ainda não tinha começado. De resto, as feições já quase desapareceram completamente da imagem. Só ali vejo um fantasma, não me digam que sou eu.
No fundo, só serei aquele rapaz da fotografia, quando ambos tivermos desaparecido, ela e eu.
Etiquetas:
A propósito de uma fotografia
De la croix (de vivre)
Delacroix dizia que todos os dias que não eram anotados eram como dias que não tinham existido. Dizia também: «É necessária uma grande ousadia para uma pessoa ser autêntica». Tinha toda a razão. Mais uma citação dele: «O que há de mais real em mim são as ilusões que crio com a minha pintura. O resto é areia movediça» (o quadro da menina é dele). Como Delacroix, penso que «tudo o que está dito não o está suficientemente ainda». É por isso que continuo a bater com a cabeça nas paredes. A escrever para o boneco. A vida ou dura demasiado tempo ou não dura o suficiente, ainda não percebi bem. Como aquele desgraçado que ardia na fogueira, eu imagino os meus leitores a trazer mais lenha para me queimar. E percebo. Eu proprio...
Etiquetas:
Delacroix
terça-feira, 9 de março de 2010
Santa Apolónia 1969
O Ricardo fez-me chegar esta foto tirada em Maio de 1969, quando nos preparávamos para «dar o salto» para França. O Ricardo é o primeiro a contar da esquerda e eu estou logo ao lado dele. Os outros são o Sérgio e o Rui que também se piraram. Um dia, tenho que contar esta história
Etiquetas:
Santa Apolónia 1969
sexta-feira, 5 de março de 2010
Da teimosia de certos escritores
A teimosia de certos escritores, que persistem em escrever mesmo depois de velhos, prova que não são tão lúcidos como isso.
Etiquetas:
Da teimosia de certos escritores
Escrito no deserto
Faz as contas e volta a fazê-las: exista ou não Deus, o resultado é sempre o mesmo. O que me vai salvando é esta mania de que conseguirei escapar ao desespero.
Etiquetas:
Escrito no deserto
Da ignorância
Escreve-se para procurar compreender. Mas, no fundo, só há uma coisa certa na vida: a nossa ignorância é infinita.
Etiquetas:
Da ignorância
Da liberdade
Só existem dois tipos de pessoas verdadeiramente livres: as que têm tudo e as que não têm nada.
Etiquetas:
Da liberdade
Confissão do dia
Nunca poderia ser um filósofo. Penso por imagens mais do que por palavras. Penso com sentimentos, dispenso os conceitos. Estética e éticamente, sou um solitário.
Etiquetas:
Confissão
Dos blogues e da solidão
Cria-se um blogue para comunicar. Mas o que se obtém é exactamente o contrário. Não é surpresa nenhuma: há muito que sei que quanto mais te ocupas de ti, mais longe ficas de tudo e todos.
Etiquetas:
Dos blogues e da solidão
quinta-feira, 4 de março de 2010
Da solidão
Não há pessoa mais só do que aquela que dispensa a companhia dos outros. Por outras palavras: o que faz um homem sentir-se só é já não ter esperança em ninguém. Nem em si próprio.
Etiquetas:
Da solidão
segunda-feira, 1 de março de 2010
Homenagem a Robert Longo
Etiquetas:
Fotografia,
Homenagem a Robert Longo,
Robert Longo
CCB ontem
«A noiva/2001-2005» (aço inox, tampões OB, fios de algodão, cabos de aço), Candeeiro de Joana Vasconcelos
Etiquetas:
Joana Vasconcelos
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Arquivo do blogue
-
▼
2010
(326)
-
▼
março
(31)
- Auto-retrato com manequim
- Da pontuação
- Da diferença
- In memoriam
- Pura realidade
- Do Portugal actual
- Dos espelhos
- Resolução
- Confissão
- Provérbio
- Da democracia em Portugal
- Da lucidez
- Henry de Montherlant
- Napoleão e as galinhas
- Do trabalho e do amor
- A propósito de uma fotografia
- De la croix (de vivre)
- Santa Apolónia 1969
- Adeus Leica!
- Da teimosia de certos escritores
- Escrito no deserto
- Da ignorância
- Da liberdade
- Confissão do dia
- Dos blogues e da solidão
- De Deus
- Da solidão
- Auto-retrato no CCB
- Pensamento do dia
- Homenagem a Robert Longo
- CCB ontem
-
▼
março
(31)