Todd Solondz é, para muitos, um cineasta irritante. A sua misantropia e o seu humor (muito negro) incomodam. Eu tenho por ele uma ternura especial. Mesmo se alguns afirmam que faltam aos seus argumentos, espessura e credibilidade, eu permito-me afirmar que ninguém inventa personagens tão ludicamente disfuncionais. São quase caricaturas, mas é nas caricaturas que está, muitas vezes, a verdade escondida das pessoas. Desde Happiness (1998) que penso assim e Life During Wartime (uma espécie de sequela de Happiness), que ontem vi no Indie só veio confirmar essa impressão.
O sentido de derrisão de Solondz é completamente judeu. Nenhum outro povo está tão obcecado pela questão da culpa e do perdão, que é o grande tema deste filme sobre um pai pedófilo (um «monstro» que sabe que o é) e uma família inteira marcada por esse estigma. Entre as muitas questões morais e existenciais que o filme levanta, retive sobretudo esta: «Vale mais perdoar uma ofensa que não conseguimos esquecer ou esquecer simplesmente essa ofensa em vez de a perdoar?» A maior parte das pessoas nem sequer compreende a questão. Não é para elas que este filme foi feito.
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