A um tirano que ameaçou matá-lo e deixá-lo sem sepultura, o filósofo Teodoro, um contemporâneo de Sócrates, lançou: «Podes dar-te a esse luxo, esses decilitros de sangue estão ao teu alcance, mas não passas de um idiota se julgas que me importo de apodrecer em cima da terra ou debaixo dela».
A história é contada por Séneca que, para além de filósofo, era um grande contador de histórias. Acabo de reler vários textos seus com muito prazer e não resisto a contar outro episódio por ele evocado: Um dia, Calígula deu um raspanete a Valerius Asiaticus, em plena assembleia, porque tinha ido para a cama com a mulher dele e ficara desiludido.
São vários e terríveis os episódios em que Séneca evoca Calígula, mas também cita figuras mais edificantes. De Zenão, por exemplo, conta que tendo perdido todos os seus haveres num naufrágio, se limitou a dizer: «A fortuna quis que eu ficasse mais leve para me dedicar à filosofia».
Quanto às considerações políticas de Séneca, continuam actualíssimas, como poderão comprovar nesta frase retirada de Da Tranquilidade da Alma: «… a ambição política, incapaz de se limitar, vai ao ponto de se deslumbrar na vergonha».
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
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1 comentário:
De facto, que actualidade!
Abraço
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