sexta-feira, 1 de abril de 2011

Da beleza

«A beleza mais emocionante é a mais evanescente», escreveu Susan Sontag, reforçando: «A permanência não é um dos atributos mais óbvios da beleza». Claro que não.
Paul Valery, por seu turno, afirmou: «A natureza da beleza é o não poder ser definida: a beleza é precisamente “o inefável”».
Muitos espíritos brilhantes escreveram sobre a beleza, mas o pensador francês tem razão: nunca ninguém a conseguiu explicar, apesar de toda a gente ser capaz de senti-la. Mesmo as pessoas mais horrorosas.
Por mim, tenho a beleza fácil. O que é uma maneira desajeitada de dizer que vejo beleza em quase tudo. Mas não em quase toda a gente, porque nas pessoas não consigo dissociar o físico da personalidade, a aparência dos actos e das palavras.
Como vejo beleza em quase todo o lado, posso ser, facilmente, um fotógrafo compulsivo (coisa que combato o mais possível, por razões que não são para aqui chamadas). Contudo, cada vez mais, a beleza que mais me comove é pouco evidente, discreta, ou mesmo secreta. Emociona-me especialmente aquela beleza em que pouca gente parece reparar.
Agora sim, estou a falar (também) de pessoas que, com frequência, são falsas feias ou falsas bonitas, pelo menos aos meus olhos.
Sim, a beleza é, antes de mais nada, uma questão de olhar. Sem olhos, pouca beleza haveria (razão pela qual a ideia da cegueira sempre me afligiu).

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