domingo, 24 de abril de 2011

Source Code


Imaginem que, de repente, se encontram dentro de um comboio, face a uma mulher que nunca viram, mas que vos fala como se vos conhecesse muito bem. Imaginem que não sabem como foram ali parar e que, antes de ter tempo de perceber alguma coisa, vai tudo pelos ares.
Agora, imaginem-se fechados numa cápsula de metal, sem saberem se estão vivos ou mortos e tendo como únicos interlocutores uma mulher e um homem que se recusam a explicar-vos a situação mas que, em contrapartida, vos exigem que cumpram as suas instruções cegamente.
Imaginem mais : imaginem que é possível transportar-vos no tempo e darem-vos oito minutos de vida, vezes sem conta. E que a vossa missão consiste em descobrir um bombista que prepara para um atentado que custará a vida a muitos milhares de pessoas.
Imaginem, enfim, que estão sempre a voltar a esse comboio e a explodir inexoravelmente.
É isto, e muito mais, que acontece à personagem incarnada por Jake Gyllenhaal em Source Code, o mais recente filme de Duncan Jones, o filho de David Bowie que, em 2009, já nos tinha dado um outro excelente filme de ficção científica (Moon).
Como todas as grandes obras, Source Code permite várias leituras, ou melhor, vários patamares de leitura. O espectador mais imediatista verá o filme como um trepidante filme de suspense, com uma pitada de romantismo e um final surpreendente. O cinéfilo delirará com as múltiplas piscadelas de olho ao cinema do passado e reconhecerá, com orgulho e júbilo, o que o filme deve a obras famosas de Stanley Kubrick, Ridley Scott ou Dalton Trumbo, para dar apenas três exemplos.
Outros verão o filme como um thriller existencial, carregado de interrogações filosóficas, sobre o qual é possível especular durante vários dias.
Uma coisa é certa : para perceber bem a trama de Source Code convém estar familiarizado com algumas noções básicas da ficção científica, como a existência de universos paralelos, por exemplo.
Seja como for que se veja Source Code, no estado actual da arte, poucos filmes se revelam tão estimulantes.

Sem comentários:

Arquivo do blogue