O que a morte nos rouba, nunca foi nosso.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Pura realidade
No elevador da FNAC, no Chiado, uma rapariga que fala ao telemóvel, despede-se de uma amiga dizendo: «Beijo-te na couve-flor». Juro que foi o que ouvi.
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Pura realidade
José Medeiros
Não gosto do Banco Espirito Santo, nem de nenhum outro banco, para dizer a verdade (por razões óbvias), mas tenho que admitir que estou cada vez mais fã do BES Arte & Finança, no Marquês de Pombal. Não faço ideia de quem está à frente daquele espaço, mas tem feito um bom trabalho. Depois de uma excelente exposição dedicada a Paulo Nozolino, aquela galeria propõe agora uma espantosa colecção de fotos do brasileiro José Medeiros (1921-1990). Intitulada "O Rio é uma festa", a mostra reúne essencialmente fotos dos anos 40 e 50, quando ele era fotojornalista da revista O Cruzeiro (que o meu padrasto comprava regularmente quando eu era miúdo).
Na primeira sala, estão fotografias da famosa praia de Copacabana, tal como era então, povoada de mulheres lindas e playboys. A “festa” carioca continua, de sala em sala, com instantâneos tirados em soirées dançantes, em bastidores dos teatros, em bares. O Carnaval está presente, como não podia deixar de ser, tratando-se do Rio de Janeiro, mas também lá estão os comícios políticos e a própria realidade crua do povo emerge aqui e ali, através dos olhares dignos e posturas orgulhosas de homens e mulheres que não bebiam champagne de certeza.
No final, fica a sensação de que são poucas fotos (umas largas dezenas, mesmo assim) para tantos temas, mas o trabalho exposto tem tanta qualidade, e uma tal força estética, que saímos dali com imensa vontade de conhecer melhor o trabalho deste fotógrafo. Calha bem: no Museu das Comunicações está uma outra exposição de José Medeiros, reunindo duas impressionantes reportagens que realizou para a Cruzeiro. Uma junto dos índios Xingu e a outra durante uma cerimónia de iniciação ao Candomblé, ambas realizadas nos anos 50. Não percam nenhuma das exposições, sob nenhum pretexto, mas atenção, ao fim de semana, ambas as galerias estão fechadas.
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José Medeiros
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Passeios de inverno (Campo de Ourique)
Robert Adams: «Landascape pictures can offer us, I think, three verities – geography, autobiography and metaphor.»
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Campo de Ourique
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Do olhar
Philippe Jaccottet: «Qu’est-ce que le regard ? Un dard plus aigu que la langue, la course d’un excès à l’autre, du plus profond au plus lointain, du plus sombre au plus pur, un rapace».
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Do olhar,
Gulbenkian,
Philippe Jaccottet
Rêve
Dans la solitude de la nuit
Enfermé dans un rêve
À perte de vue
Hors du monde
Hors de l’espace
Hors du temps
Hors du présent
Et hors du passé
Je vois comme dans un rêve :
Des oiseaux fictifs
Pressés les uns contre les autres
Comme des mots chétifs
Privés de sens
Privés d’oubli
Ils ont la beauté de la mort
Enfermé dans un rêve
À perte de vue
Hors du monde
Hors de l’espace
Hors du temps
Hors du présent
Et hors du passé
Je vois comme dans un rêve :
Des oiseaux fictifs
Pressés les uns contre les autres
Comme des mots chétifs
Privés de sens
Privés d’oubli
Ils ont la beauté de la mort
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Da série «Poemas em francês»
Dois poemas improváveis
A fruta dorme
No cesto azul
Quando de repente
Uma laranja morre
Por isso digo
Sem sombra de dúvida
Pesando cada palavra
Na balança da memória:
Poemas e sonhos
Vivem-se do mesmo modo.
*
Palavras esparsas
Em busca umas das outras.
Depressa...
Junta-as
Antes que escapem.
Há poemas
Que tudo o que precisam
É de respirar.
No cesto azul
Quando de repente
Uma laranja morre
Por isso digo
Sem sombra de dúvida
Pesando cada palavra
Na balança da memória:
Poemas e sonhos
Vivem-se do mesmo modo.
*
Palavras esparsas
Em busca umas das outras.
Depressa...
Junta-as
Antes que escapem.
Há poemas
Que tudo o que precisam
É de respirar.
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Poemas
Trop tard?
Bien qu’il soit déjà tard,
La lumière du soleil
Ecrit sur l’herbe mouillée
Ce que disent des arbres.
La beauté qui dort ici
Est celle du monde.
Son secret a été oublié,
Mais pas sa lassitude.
C’est pourquoi l’oiseau pleure :
«Il n’est pas facile de chanter
Quand tout autour de nous
Annonce un nouveau malheur».
La lumière du soleil
Ecrit sur l’herbe mouillée
Ce que disent des arbres.
La beauté qui dort ici
Est celle du monde.
Son secret a été oublié,
Mais pas sa lassitude.
C’est pourquoi l’oiseau pleure :
«Il n’est pas facile de chanter
Quand tout autour de nous
Annonce un nouveau malheur».
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Da série «Poemas em francês»
Un instant
Je me pose là
En victime du temps.
Un court instant.
Puis, je repars
De plus belle
A attendre ton secours.
En victime du temps.
Un court instant.
Puis, je repars
De plus belle
A attendre ton secours.
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Da série «Poemas em francês»
Um dia inteiro a pensar
Numa cama pequena, encolhe-te. Num poema curto, estica-te ao máximo.
Acabamos todos por carregar o mundo às costas, mais tarde ou mais cedo. Não há bagagem mais pesada que uma vida mal vivida.
Poucos vêem com clareza, a escuridão em que estão.
Às escuras, ninguém vê melhor que o cego.
Em todos os jardins, vejo poemas. Milhares de versos que nunca escreverei.
Sou dos que crêem que a (melhor) poesia não precisa de palavras para nada.
Neste momento, tenho todo o tempo do mundo. Daqui a nada, não sei.
É como se de inverno, a luz fosse mais luz, o céu mais céu, e eu menos eu.
Onde fica o centro do mundo, é duvidoso, mas o cú de judas não oferece dúvidas: é mesmo aqui.
De um modo geral, calo-me para entrar; é à saída que costumo gritar.
Enquanto leitor, não me preocupa o autor, mas sim o segredo que procura ocultar.
Até a dormir sonho!
Tudo corre o risco de desaparecer, se não lhe prestarmos atenção.
Convém estar presente, quando a inspiração vem.
A morte é sempre em vão. Ou não?
O que há depois da morte? É simples: ou tudo, ou nada.
O amor do mal não é amor, tal como o mal do amor não é um mal.
Acabamos todos por carregar o mundo às costas, mais tarde ou mais cedo. Não há bagagem mais pesada que uma vida mal vivida.
Poucos vêem com clareza, a escuridão em que estão.
Às escuras, ninguém vê melhor que o cego.
Em todos os jardins, vejo poemas. Milhares de versos que nunca escreverei.
Sou dos que crêem que a (melhor) poesia não precisa de palavras para nada.
Neste momento, tenho todo o tempo do mundo. Daqui a nada, não sei.
É como se de inverno, a luz fosse mais luz, o céu mais céu, e eu menos eu.
Onde fica o centro do mundo, é duvidoso, mas o cú de judas não oferece dúvidas: é mesmo aqui.
De um modo geral, calo-me para entrar; é à saída que costumo gritar.
Enquanto leitor, não me preocupa o autor, mas sim o segredo que procura ocultar.
Até a dormir sonho!
Tudo corre o risco de desaparecer, se não lhe prestarmos atenção.
Convém estar presente, quando a inspiração vem.
A morte é sempre em vão. Ou não?
O que há depois da morte? É simples: ou tudo, ou nada.
O amor do mal não é amor, tal como o mal do amor não é um mal.
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Pensamentos
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Pura realidade
De repente, na Fnac, dentro de um livro de fotografias que folheava (do William Carter), encontrei um bilhetinho rasgado que dizia: «Amo-te».
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Puro acaso
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Pura realidade
Diz uma senhora no posto médico: «Eu acordo primeiro e os meus ossos só acordam depois».
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Pura realidade
Do amor e do ódio
A prova de que o amor é mais perene do que o ódio é esta: amamos hoje ainda personagens como Jesus, ou Sócrates, mas quem ainda odeia Nero, Calígula ou qualquer outro ditador da antiguidade?
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Do amor e do ódio
Provérbio chinês
Provérbio chinês (citado por Cioran): «Quando um único cão se põe a ladrar a uma sombra, logo dez mil cães fazem dela uma realidade».
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Campo de Ourique,
Provérbio chinês
Marc Augé
Marc Augé: «Talvez uma das nossas tarefas mais urgentes consista em reaprender a viajar, eventualmente mais perto de casa, para reaprender a ver».
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Philippe Jaccottet
Hoje o Philippe Jaccottet inspirou-me um ou dois poemas, menos maus do que de costume. Que a minha gratidão fique aqui registada.
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Philippe Jaccottet
Da escrita
Escrevo cada vez menos. Algumas palavras apenas, de vez em quando, só para iluminar o caminho.
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Da escrita
Das imagens
Hermann Broch em La Mort de Virgile: «La vie humaine est soumise à la grâce et à la malédiction des images ; ce n’est qu’en images qu’elle peut se concevoir elle-même, impossible de bannir les images, elles sont en nous depuis l’origine du troupeau, elles sont antérieures à notre pensée, et plus puissantes qu’elle, elles sont dans l’intemporel, elles enferment en elles le passé et l’avenir, elles sont un double souvenir de rêve, et plus puissantes que nous».
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Hermann Broch,
Jardim Gulbenkian
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