terça-feira, 29 de janeiro de 2013
José Medeiros
Não gosto do Banco Espirito Santo, nem de nenhum outro banco, para dizer a verdade (por razões óbvias), mas tenho que admitir que estou cada vez mais fã do BES Arte & Finança, no Marquês de Pombal. Não faço ideia de quem está à frente daquele espaço, mas tem feito um bom trabalho. Depois de uma excelente exposição dedicada a Paulo Nozolino, aquela galeria propõe agora uma espantosa colecção de fotos do brasileiro José Medeiros (1921-1990). Intitulada "O Rio é uma festa", a mostra reúne essencialmente fotos dos anos 40 e 50, quando ele era fotojornalista da revista O Cruzeiro (que o meu padrasto comprava regularmente quando eu era miúdo).
Na primeira sala, estão fotografias da famosa praia de Copacabana, tal como era então, povoada de mulheres lindas e playboys. A “festa” carioca continua, de sala em sala, com instantâneos tirados em soirées dançantes, em bastidores dos teatros, em bares. O Carnaval está presente, como não podia deixar de ser, tratando-se do Rio de Janeiro, mas também lá estão os comícios políticos e a própria realidade crua do povo emerge aqui e ali, através dos olhares dignos e posturas orgulhosas de homens e mulheres que não bebiam champagne de certeza.
No final, fica a sensação de que são poucas fotos (umas largas dezenas, mesmo assim) para tantos temas, mas o trabalho exposto tem tanta qualidade, e uma tal força estética, que saímos dali com imensa vontade de conhecer melhor o trabalho deste fotógrafo. Calha bem: no Museu das Comunicações está uma outra exposição de José Medeiros, reunindo duas impressionantes reportagens que realizou para a Cruzeiro. Uma junto dos índios Xingu e a outra durante uma cerimónia de iniciação ao Candomblé, ambas realizadas nos anos 50. Não percam nenhuma das exposições, sob nenhum pretexto, mas atenção, ao fim de semana, ambas as galerias estão fechadas.
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