quarta-feira, 27 de abril de 2011

Linha d'Água


Não há silêncio como o do vento. Nem companhia como a da sombra.

Tinha saudades desta brisa. Desta luz. Nesta esplanada está o melhor do país: um céu enorme, de um azul intenso, o verde que o sustenta e a luz que se reflecte no lago. Um espelho para o meu estado de alma.

O quadro à minha volta é belo e eu olho-o como se fosse eu a criá-lo. Como se eu fosse o artista que sempre quis ser. Mas não sou: o meu poder é frágil. Cada pensamento que tenho é mendigado. Na verdade, sou um pedinte de ideias, que agradece cada ideia que tem como estes passarinhos agradecem as migalhas de bolo que lhes atiro para cima da mesa.

Seja como for, não escrevo para ser lido, mas para me ouvir pensar. Sei que podia ter deixado uma obra vasta, mas para quê? O mundo, ou melhor, esta sociedade, continuaria a ser a merda que é e, no fim, o resultado seria o mesmo: o desaparecimento puro e simples de toda a gente.

De resto, já há demasiados génios no mundo.

1 comentário:

Odracir disse...

Estar na linha de água não será a maior das ambições? abraço

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