sábado, 2 de julho de 2011

Da arte

Fragmento de uma entrevista de Woody Allen ao diário francês Le Monde: «... não creio que a arte seja uma resposta para nada. Para mim, a arte é um catolicismo intelectual. Os católicos pensam “bom, há uma vida depois da morte, há um paraíso, viverei no além”. O artista pensa: “a minha obra sobreviverá”; o espectador pensa: “esta obra é eterna”. Mas, no fim de contas, isto não quer dizer nada, porque o artista morre e, tanto quanto sei, os católicos não conhecerão verdadeiramente uma outra vida. O único serviço que os artistas podem prestar, é pouca coisa: é uma distracção. Vivemos num mundo terrível mas, quando entramos numa sala de concertos, numa ópera, num museu, num cinema; quando apreciamos uma tela de Cézanne, ou ouvimos Mozart, esquecemos o que se passa lá fora. Quando regressamos à vida real, é terrível, mas, pelo menos, durante uma hora ou duas, sentimo-nos bem; ajuda um pouco, como um copo de água fresca.»

Sem comentários:

Arquivo do blogue