terça-feira, 7 de novembro de 2017

Arte poética

1

A solidão é um livro.
Compete-te fazê-la falar.

2

Abre o livro.
Fecha a porta.
Abre-te.


3

Pensa.
Lê-te.
Arde.

4

Procura o incêndio.

Encontrarás o que te queima.

Migalhas

Estou a reler os aforismos de Kafka. É como estar debaixo da mesa onde ele está a petiscar, para me alimentar das migalhas que deixa cair no chão.

O general, o pombo e o avião

Mais um poema que não escrevi.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Autumn leaves


Listening to the music
Of the autumn leaves
Gone with the wind
I see you seeing me
Getting old and sad

Ancient song

Sometimes I go
On top of a tree
To tell my story
To the birds

In these lost moments
I take the elevator
Of my memory
And go down

As deep as I can
Questioning my hopes
And fears to find out
What is all about

And when it's time
To come to my senses
I walk in the timeless
Streets of my mind

In a shadow of an angel
With no desires or tears
Hoping to disappear for good
In one of my poems

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Lacan

Lacan dizia: "Il ne faut rien espérer du désespoir"

As etapas da morte

As etapas da morte, segundo um artigo que li num jornal inglês: "First hunger and then thirst are lost. Speech is lost next, followed by vision. The last senses to go are usually hearing and touch"

Pensamento do dia

Se Deus não existe, nós muito menos.


Para Sandro Penna

Nada e, no entanto, ouço uma canção. Vejo as janelas que fugiram e penso: a solidão já nasceu velha. Digo: lágrimas são sementes perdidas para sempre. Contra um muro, um lago estremece, sem acordar. Toda a beleza do mundo não me deixa mentir.

Da fotografia

"Não é o fotógrafo que faz a fotografia, mas a pessoa que está a ser fotografada", terá dito o Sebastião Salgado. Já a Mary Ellen Mark afirmava: "Fotografa o mundo tal como ele existe. Nada é mais interessante do que a realidade".

Do amor

quanto mais faço amor
mais parece sobrar

Corpo a corpo

não consigo dizer corpo a corpo
sem pensar em nós

no intervalo entre nós

no intervalo entre as palavras também

e no abismo onde caímos
quando não nos damos bem


Poema visual (ready-made)


Por favor

quando eu morrer
por favor
dêem-me um planador
em vez de um caixão


Bandeira



POEMS

Some poems are
For poets only

Tudo o que sou

estou na cidade como noutra idade
com esta ausência lenta que aqui se vê

percorro ruas e cadernos
à procura das mesmas coisas

tudo o que vejo sonho
tudo o que sonho sou


O que eu tenho dito

o que tenho dito é que a poesia
já conheceu melhores dias
porque ninguém parece ouvir
v e r d a d e i r a m e n t e
o combate que as palavras travam


Do futuro

quanto mais envelheço
menos sei fazê-lo

o meu corpo não me perdoa
nada do que lhe fiz

quanto ao futuro só deus sabe
o sarilho em que me meti


O nome do anjo

no meu nome
o teu nome

e no teu nome
o nosso nome 

dorme como um anjo


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Dos sonhos

As minhas visões. Os meus sonhos. Aventuras sem fim.

Arquivo do blogue