quinta-feira, 23 de julho de 2009

Da serenidade

Quando contava 85 anos (em 1984), Jorge Luis Borges declarou numa entrevista: «Sim, estou certo de ser mais feliz hoje do que quando era jovem. Quando era jovem, esforçava-me para ser infeliz, por razões estéticas e dramáticas. Queria ser Hamlet ou Raskolnikov, ou Byron, ou Poe, ou Baudelaire. Agora não. Agora resigno-me a ser quem sou. Não atingi a felicidade – ninguém a atinge – mas atingi uma certa serenidade e isso já é muito. De resto, a procura da serenidade parece-me uma ambição bem mais razoável do que a procura da felicidade».
Quando se tem 85 anos, que pode ser a felicidade senão a serenidade precisamente? Quem me dera chegar a essa idade com a lucidez que ela demonstrou nessa entrevista, cheio de projectos como ele estava e fazendo minhas as suas palavras: «Procuro não pensar no passado, tento viver projectando-me no futuro».

1 comentário:

Anónimo disse...

O que está antes, está no que está depois; o que está depois, está no que está antes. E nenhum deles está seja no que for, nem antes nem depois.
O pão que te alimenta volta a ser pó, se o não comeres. Se o comeres, voltará a sê-lo também. Mas tens que o fabricar todos os dias.
Quanto à morte, não a temas. Também não temeste aquilo a que chamas nascimento.

Arquivo do blogue