domingo, 16 de janeiro de 2011

Enter The Void


Gaspar Noé, o polémico autor de Irréversible (2002) tem um novo filme, Enter The Void. A obra dura cerca de duas horas e meia e com ela o realizador quis, nitidamente, inventar não apenas uma nova maneira de contar uma história, mas também de filmar. De certa maneira, consegue-o. tenho a certeza de que nunca viram nada que se pareça, a não ser que já tenham tomado LSD ou outras substâncias alucinogénias.
Infelizmente, mais do que o conteúdo, parece contar aqui a forma. Deslumbrado com o seu próprio virtuosismo, o cineasta quer dar-nos a ver tudo o que imaginou, não apenas por fora mas também por dentro. Por isso, a câmara, que anda sempre a pairar no ar, mergulha frequentemente no interior das coisas e das pessoas.
Quanto à história, é quase banal centrando-se em Oscar e na sua irmã Linda, cujos pais morreram num acidente de automóvel. Ambos a residir em Tóquio (numa Tóquio alucinante que evidentemente não existe), fazem o que podem para sobreviver aos seus demónios. Ele vendendo (e consumindo) droga, ela trabalhando num clube de strip-tease e dormindo com o patrão.
Uma noite, Oscar é apanhado numa rusga e morto a tiro pela polícia, quando procura ver-se livre da droga numas latrinas. Mas o seu espírito (ou melhor, a câmara de Gaspar Noé) fica a pairar sobre a irmã e os amigos, sem dúvida porque o cineasta está deslumbrado com a sua nova maneira de filmar e porque faz questão de fazer valer o seu estatuto de artista maldito, mostrando-nos várias cenas de sexo real e um aborto.
Não tenho a certeza de ter gostado, mas sei que nunca mais o vou esquecer.

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