domingo, 10 de abril de 2011

Adelino Lyon de Castro


No Museu Nacional de Arte Contemporânea, também chamado Museu do Chiado, o elevador não funciona. Tal como já aconteceu a semana passada no Museu de Arte Antiga, tivemos que subir esta manhã várias escadas carregando com o carrinho do Lucas. Quanto aos deficientes, que vão passear para o jardim, se quiserem. Ou fiquem em casa, porque também não dá para andar na rua, já que os passeios (quando os há) estão cheios de carros ou de buracos.
Queríamos ver a exposição do Adelino Lyon de Castro, a que chamaram «O Fardo das Imagens», vá-se lá saber porquê. Que raio de nome! Adiante...
Mal entrámos na sala, o telemóvel da Raquel tocou e, antes que ela tivesse tido tempo de atender, precipitou-se sobre nós uma vigilante para «ralhar»: «Não se pode falar ao telemóvel dentro do Museu!».
Ora, no meio daquela mesma sala, uma mulher minúscula, mas com voz autoritária, dissertava em voz alta para um numeroso grupo de visitantes (estava, como se calcula, a fazer alarde dos seus vastos conhecimentos sobre a obra do artista). Por isso, mencionei: «A minha mulher não pode falar, mas aquela senhora está para ali a perturbar o sono do nosso filho…» (o Lucas dormia indiferente a tudo).
«Aquela é a doutoura», respondeu a segurança, com um suspiro de profundo respeito.
Enfim, algumas das fotos do co-fundador das Publicações Europa-América são magníficas, outras bastante banais. Todas são interessantes, porém, pois mostram realmente um Portugal que (felizmente?) desapareceu. A maioria das fotos vem dos anos 40 ou 50 e é visível a miséria estampada nos rostos de pescadores, camponeses e gaiatos. Mais neo-realista seria impossível.
Contudo, para mim, a fotografia mais extraordinária que se encontra naquela sala é de Carlos Relvas. Só para a ver, já valia a pena ter carregado com o carrinho do meu filho, para cima e para baixo.

PS: «O Fardo das Imagens» vai ficar naquela sala até 12 de Junho.

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