sábado, 16 de abril de 2011

Da mediocridade

Que se passa com os críticos literários do Público? No Ípsilon de ontem, Maria da Conceição Caleiro começa a sua recensão crítica de O Duelo de Tchékhov com estas palavras: «Há livros e livros, passam por nós autores e autores maioritariamente medíocres como a vida que levamos e se publica, há os que são bons e que às vezes, por acaso, ou não, lemos e ainda os que mudam o mundo e a eternidade…»
Mais adiante Rui Catalão, que escreve sobre O Lugar do Morto de José Eduardo Agualusa, abre o seu texto com esta frase: «O escritor medíocre diz coisas que toda a gente sabe ou devia saber». E vai por aí adiante, arrasando o livro e afirmando sem peias que Agualusa «foi o grande escritor medíocre da língua portuguesa dos últimos vinte anos».
Naturalmente, apetece perguntar quem é mais medíocre? Quem é que esta gente se crê? Quanto a Helena Vasconcelos, que escreve sobre A Humilhação de Philip Roth, esqueceu-se de referir que a tradução do título (The Humbling) é um disparate. Como o próprio Philip Roth afirma, aliás, numa entrevista publicada naquelas páginas. «Foi assim que foi traduzido?», pergunta ele surpreendido ao jornalista. «Não refere exactamente o sentido do livro. Ele não se sente humilhado. O sentimento é mais de modéstia ou humildade». Como é óbvio!
De resto muito haveria a dizer também sobre esta entrevista, realizada por Tiago Bartolomeu Costa, na casa do escritor em Manhattan. Mas já chega de mediocridade por hoje.

2 comentários:

Odracir disse...

Arrasador, Jorge!... mas concordo, a sabedoria estará sempre na oposição em mediocracia ...

Tiago disse...

Diga lá Jorge, diga lá. Estou curioso.

Tiago Bartolomeu Costa

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