quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Alain Finkielkraut e a literatura



Alain Finkielkraut, filósofo francês de origem polaca, actualmente com 60 anos, concedeu uma (magnífica) entrevista à revista Lire, a propósito do seu mais recente ensaio Le Coeur Intelligent. Aqui ficam alguns excertos:

Dieu garde le silence, mais, pour nous doter peut-être (il faut rester modeste) d'un coeur intelligent, nous avons la littérature.

(…)

Je récuse (avec un certain nombre de philosophes, d'ailleurs) le partage communément admis qui voudrait que la philosophie pense et que la littérature raconte. La philosophie n'a pas le monopole de la pensée. La littérature pense aussi, mais cette pensée possède quelque chose de miraculeusement affectif.

(…)

«Aucune philosophie, aucune analyse, aucun aphorisme, quelque profonds soient-ils, ne peuvent se comparer en plénitude et en intensité à une histoire bien racontée», écrit ainsi Hannah Arendt.

(…)

La langue anglaise possède deux mots pour l'imagination: fancy et imagination. Le fantasme, c'est la littérature spontanée en chacun de nous. Nous fantasmons tout le temps. Il y a les fantasmes individuels, les fantasmes collectifs, et, pour faire appel de ces fantasmes, il y a l'imagination. La littérature est du côté de l'imagination. Le fantasme, nous dit Freud, est la réalisation d'un désir: dans le fantasme, je suis le héros, je suis au centre. L'imagination est, au contraire, cette forme de pensée qui me permettra de sortir de moi-même, de m'identifier à d'autres points de vue que les miens. Et le coeur intelligent, c'est cela: la mise en déroute du fantasme par l'imagination.

(…)

Se quitter, s'oublier: c'est peut-être la meilleure part de la littérature. La littérature est un élargissement, à tous les sens du terme.

1 comentário:

Anónimo disse...

Como já te disse aqui, alguém que também fala de tudo isso, sob uma outra perspectiva e num contexto mais alargado, é Richard Rorty, em especial, dentro do que li dele até hoje, em "Contingência, Ironia e Solidariedade". Aliás, deixou mesmo de leccionar filosofia na Universidade de Virgínia e passou a dar aulas sobre literatura. Penso que, quando morreu, no final de 2007 ou início de 2008, já não me lembro bem, estava na Universidade de Berkeley. Para ele, não-metafísico, a literatura era muito mais importante do que a filosofia e, além do que diz respeito ao aspecto estético, cumpre uma tarefa moral que Kant nunca conseguiu realizar. Dois dos últimos capítulos do livro que referi são, aliás, dedicados à Lolita, do Nabokov e ao 1984, do Orwell. Se não leste ainda, aconselho-to a que o faças. Mesmo que, tal como eu, não concordes com algumas coisas essenciais, fica-te o gosto de falares com alguém inteligente, claro, com excelente sentido de humor e com total ausência de pedantismo.
Em Portugal, é exorcisado por muita gente a quem estraga a profundidade da pose e, por isso, pouco falado, a não ser pelos gajos, ainda de pior pose, da filosofia da linguagem.
Por isso, já agora, se por acaso ouviste falar do Rorty ao Carrilho ou a outros do seu bando, perdão!, clube, e, por isso, ficaste logo com azia, não deixes que isso te estrague o apetite.

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