Primeiro Amesterdão para matar saudades, ou melhor, para acalmar as saudades porque as saudades são imortais; depois Toronto, lá mais para o Verão. São as duas viagens por que anseio.
Entretanto, apesar da minha resistência, imagens do passado estão a vir ao de cima, como que impelidas por uma força superior. Histórias do colégio e memórias dos meus avós, sobretudo.
Quando estava zangado, o meu avô chamava-me «calão». Hoje quero acreditar que essa palavra designa alguém que prefere calar-se a falar, como eu faço. Calão, para mim, é alguém que cala fundo.
Entretanto, já só tenho dois objetivos na vida: amar e aprofundar-me. E uma nova ambição: dizer apenas o essencial.
Quando era jornalista, queria fazer-me entender por toda a gente. Agora, quero é entender-me a mim próprio. É um trabalho muito mais difícil.
Ontem a falar com o Ricardo, ocorreu-me esta definição: «Ser feliz é sermos nós próprios e vivermos bem com isso».
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