terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Dias de chuva

Segunda-feira

Acho piada aos peneirentos, aos convencidos. Mesmo os génios têm um lado charlatão. Todos os vaidosos sabem que, no fundo, não há razão para tanto. Quanto mais vaidoso, mais mentiroso.

Não sou perfeccionista. De resto, se procurasse a perfeição, não seria capaz de fazer nada, pois tenho demasiada consciência das minhas limitações. Talvez por isso, por ser como sou, tenho um fraquinho por tudo o que é incompleto e imperfeito. Adoro esboços, rascunhos, fragmentos. Fascinam-me as obras inacabadas, as vidas caóticas, desperdiçadas.

Terça

São sempre precisos dois poetas para cada poema.

Quarta

De repente, acordas e são três da manhã. No teu cérebro, pisca um sinal de alarme. Tens medo e não sabes porquê. E não queres saber. A noite envolve-te como um saco de plástico preto. Um saco do lixo gigante.

Quinta

Perante as confissões dos outros, perguntar: «Que escondem elas?». O que realmente nos define são os nossos segredos. Os segredos que levamos para a cova.

Sexta

Desaprender a escrever, a fotografar. Desaprender a viver. E depois, recomeçar de novo.

Sábado

Nostalgia e ansiedade. É assim que vivem os velhos. Entre dois abismos fatais.

Domingo

Um dia engolido pela chuva e o frio. Incapaz de viver, passei o dia a dissolver-me na televisão.

Espero sinceramente que Deus exista. Um deus qualquer serve. Preciso desesperadamente que, no final, alguém me diga o que fiz da minha vida, porque eu não sei.

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