quarta-feira, 2 de junho de 2010

Linha d'água

O céu está coberto de nuvens cinzentas que filtram a luz. Gosto desta luminosidade que faz sobressair as cores vivas. O lago tem hoje a mesma cor, a mesma densidade do céu e o momento é mágico porque está um silêncio incrível, e porque tudo o que vejo está exemplarmente iluminado: o puto que conduz o pai pela mão, o ciclista que chama o cão que se banha no lago, a menina que fuma indiferente a isto tudo ali ao fundo.
Há dias em que apetece bater palmas a tudo o que se vê.
Penso: «Cada vez que tiramos uma fotografia interrogamos o mundo. Mas uma fotografia não é resposta para nada. Por isso, continuamos.»
Na verdade há mil razões para querermos tirar fotografias e todas são válidas. Mas o mais importante não está na razão por que se tiram fotografias. A verdade da fotografia está na relação que tens com o mundo. A razão pela qual tiras fotografias e o modo como o fazes, definem-te como ser humano. No meu caso, pelo menos aos meus próprios olhos, tirar fotos não é nem um simples hobby, e muito menos um ofício, mas uma maneira de estar na vida. Nem mais nem menos. É como ser poeta, jardineiro ou filósofo.
Dito isto, tenho que acrescentar, porque acabo de o descobrir: «Uma boa caneta é tão importante como uma boa companhia».

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