sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Do mal

Um dia, Marco Aurélio perguntou a si próprio: «O que é o mal?». Para logo responder: «Aquilo que já viste muita vez». Ou seja: o mal é a repetição. «As mesmas cenas de que estão cheias, hoje ainda, as nossas cidades e casas», escreveu ele nesse mesmo dia. Concluindo: «Nada de novo. Tudo é banal e efémero».
Muitos séculos depois, sinto o mesmo.
O mal é a rotina, o marasmo que o poder institui e defende a todo o custo. O poder (todo o tipo de poder) não está interessado na verdadeira mudança, pois só o ser verdadeiramente livre e criativo pode mudar. Ao poder só interessa o simulacro da criatividade, a miragem da inovação, a mentira das reformas permanentes.
O que é o mal? O mal é a alienação.

1 comentário:

Anónimo disse...

Nessa perspectiva, só quando te desembaraçares do corpo é que serás livre, uma vez que ele te impõe limites.
O poder não se opõe à liberdade, é a outra face da mesma moeda a que chamamos realidade. "A pele é o que nos liga ou o que nos separa do mundo?", pergunta o Zen. A criação é sempre transgressão do já adquirido, não existe sem este. Chama-lhe poder, se quiseres, mas penso que o conceito designa somente um fantasma. Se algo me impede de realizar o que pretendo é somente porque não estou, de facto, a ser criativo.
Mas isso dá para mais do que um mero comentário.

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