terça-feira, 24 de maio de 2011

Histórias de Praga

Em 1991, David Cerny e alguns amigos pintaram de cor-de-rosa um tanque oferecido pelos russos e instalaram-no sobre um pedestal na praça Kinských. Para o fazer, o bando forjou cartas de autorização, criando um enorme escândalo. Mais tarde, o tanque voltou a ser pintado de verde pelo exército, depois novamente de cor-de-rosa com a contribuição de ministros do governo checoslovaco da altura. Actualmente, faz agora parte da colecção do Museu Militar e toda a gente sabe quem é David Cerny, um artista plástico que, devido ao seu gosto pela intervenção pública e pela subversão dos clichés, é frequentemente comparado a Banksy, o mais famoso «grafiteiro» do nosso tempo.
Uma das «intervenções» mais conhecidas de Cerny pode ser vista a grande distância. Estou a falar, naturalmente, dos bébés que pendurou na Torre de Televisão de Praga, um verdadeiro arranha-céus com 216 metros de altura, que constitui um ponto de referência ideal para todos os forasteiros. São doze bébés negros feitos de fibra óptica que pesam uns bons 800 quilos cada. De muito longe parecem formigas e para ver bem o seu rosto (que mais parecem grelhas de ventilador enfiadas numa luva de boxe) é preciso ir à ilha de Kampa, onde se encontram três outras esculturas idênticas, embora feitas de bronze.
Outra das suas obras controversas é a estátua equestre de Santo Venceslau que o representa num cavalo morto e virado do avesso. Não é fácil dar com ela uma vez que está no interior de uma galeria comercial (em pleno centro da cidade, é certo).
A obra mais fotografada de Cherny é, contudo, a dos dois homens que, no átrio do Museu Kafka, mijam sem fim, virados um para o outro, para gáudio dos visitantes de todas as idades. As esculturas são feitas de discos de bronze e integram um mecanismo que lhes permite rodarem enquanto urinam, acrescentando comicidade ao espectáculo.




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