quinta-feira, 26 de maio de 2011

Ratner's Star

Em Ratner’s Star, o mais louco (ou deveria dizer lunático?) dos romances de Don DeLillo, encontrei várias ideias que também me passam pela cabeça. Como esta de que há escritores que não gostam de ser lidos. Que escrevem exclusivamente para si próprios, pois a tua relação com a escrita muda se pensas nos leitores. Ou num qualquer leitor. Como poderia alguém entender o teu eu profundo se tu próprio estás à procura dele, tacteando no escuro, enfiado no teu buraco?
É outra teoria de DeLillo: só num buraco, longe de todos os olhares e tentações, te podes descobrir verdadeiramente. Como a toupeira de Kafka, somos todos animais assustados, a tentar sobreviver e perceber o que nos aconteceu. Escondemo-nos para nos ver melhor e porque sabemos que o perigo é grande.
Como DeLillo, sei que a inteligência não traz necessariamente clarividência, nem certezas de nenhuma espécie. Aliás, quanto mais sabemos menos certezas temos. A ignorância cresce na exacta medida do conhecimento. Já Sócrates o declarava (o grego, não o imbecil que nos governa): quanto mais avanças na senda do conhecimento, mais consciência tens do que desconheces.
Outra pista aberta pelo livro de DeLillo: a verdade humana não interessa porque não é a verdade. Verdade é coisa de políticos, patrões, polícias, padres, cientistas e de quem acredita neles. O homem livre não acredita na verdade. Infelizmente, não há homens livres, pois acontece com a liberdade o mesmo que acontece com o conhecimento...

Sem comentários:

Arquivo do blogue