sexta-feira, 13 de março de 2009

Da poesia



Gosto de ler alguns filósofos, mas devo confessar que prefiro a poesia à filosofia. O filósofo procura convencer-me das suas ideias, o poeta suscita-me ideias próprias. para mim, mesmo o mais curto poema pode ser mais fecundo do que um extenso tratado filosófico. Claro que alguns filósofos são também poetas, como Nietzsche e Bachelard, por exemplo, e como tal os leio, lendo-me a mim mesmo no que eles escrevem.
Dito isto é urgente que acrescente: entendo por poeta não o simples fazedor de versos, mas todo o ser humano para quem sentir é mais importante do que querer e que põe as suas emoções mais alto do que os seus desejos. Que procura, enfim, a natureza das coisas para lá da sua «imagem».
De resto, a maior parte dos poetas não verseja, a maior parte das pessoas que versejam não são poetas. Do mesmo modo, a poesia está em todas as artes, mas não em todos os artistas e todas as artes estão na poesia, sobretudo a arte de viver.
A arte de viver é a mais pura forma de poesia que concebo.

1 comentário:

gloria leite disse...

Embora acumule e goste das duas, filosofia e poesia.
filosofando sobre a vida e o desconhecido, e fazendo poesia sem rima, encheu-me a descrição do seu conceito de poesia.
Na verdade a poesia é a forma de pôr visivel o que se sente e tem mêdo ou cobardia de o dizer!
Ainda bem que chegou a hora de tornar visivel o que andou a esconder.Um abraço

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