quinta-feira, 30 de abril de 2009

Linha de água

Para passar o tempo, ouço os sapos coaxar e os pássaros cantar. Dir-se-ia uma disputa, ou um concurso. (Se fosse compositor, decerto extrairia daqui uma obra de vanguarda!). À minha frente, três cães brincam perseguindo-se dentro de água, observados por um quarto cão que se aproximou mas parece não querer molhar as patas. À minha volta, estuda-se furiosamente. (Há uma universidade aqui perto e o ano lectivo está a chegar ao fim).
Sentando à sombra, no canto mais discreto da «Linha de Água» (é o nome da esplanada onde me encontro) finjo escrever porque não estou com disposição para mais nada. Estou cheio de projetos mas, como de costume, dá-me mais prazer sonhá-los do que concretizá-los. Concretizar é, de resto, uma palavra feia; sonhar é uma palavra bem mais bonita. Por isso, por hoje, fico-me por esta quadra:

um verso é um verso é um verso
mas dois versos já são demais;
a não ser que, sem pretensões, digam
mais do que parecem dizer

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